Em 2009, a frase “existe um aplicativo para isso” se tornou tão onipresente na cultura techie que a Apple a tornou sua marca registrada. O slogan representava a ideia de que nossos smartphones podiam satisfazer todas as nossas necessidades.
Em 2020, fomos além dos aplicativos. A tecnologia chegou ao ponto onde uma ideia não é apenas um produto individual, mas toda uma indústria de aplicativos, plataformas e negócios. Aplicativos bancários se tornaram fintech, a comunicação móvel com seu médico é agora conhecida como telessaúde, e quando o assunto é imóveis, temos o termo proptech.
Proptech (do inglês, property technology, ou tecnologia imobiliária) é o uso de software (ou qualquer outra forma de tecnologia da informação) para otimizar o processo de gestão de propriedades ou imóveis. Apesar do conceito ser relativamente novo, aqueles que utilizaram proptechs, como proprietários de imóveis de primeira viagem, inquilinos ou vendedores, provavelmente não poderiam imaginar fazer as coisas do jeito tradicional.
Confira abaixo uma visão geral da indústria de proptech, bem como algumas ideias sobre o que o futuro nos reserva.
Quando proptechs começaram a ser utilizadas?
Determinar um ano específico é difícil, mas meados dos anos 2000 é uma boa estimativa de quando empresas de proptech começaram a surgir. Estas tiveram seu início quando empresas imobiliárias começaram a anunciar ambas propriedades comerciais e residenciais online.
A empresa imobiliária online Zillow entrou em cena em 2004, e seu site foi lançado logo em seguida, em 2006. Seu criador, Rich Barton, acreditava que a tecnologia e o mercado imobiliário eram uma combinação suficientemente forte para deixar seu emprego no site de viagens Expedia. O primeiro ano na Zillow não foi fácil, mas com o novo recurso de visualização por satélite do Google Maps, a empresa foi capaz de combinar uma visão aérea dos bairros Americanos a uma década de dados do mercado imobiliário.
Os anos que seguiram a entrada da Zillow no mercado imobiliário foram consumidos por novas empresas de proptech, incluindo o Airbnb em 2008, WeWork em 2010 e Compass em 2012, para citar algumas. A quantidade de dinheiro investido na indústria de proptech nos últimos 10 anos foi exorbitante. De acordo com a RE:Tech, investidores contribuíram mais de US $12 bilhões para a indústria global em 2017.
Quais são os diferentes tipos de proptech?
Quer você tenha usado este tipo de tecnologia pessoalmente para encontrar sua casa ou grandes empresas de tecnologia gerenciem seu ambiente de trabalho, a indústria de tecnologia imobiliária hoje é expansiva. Apesar de existirem diversas maneiras de subdividir a indústria, a A/O PropTech e Andrew Baum, da Universidade de Oxford, identificam suas quatro maiores vertentes da seguinte forma:
Smart real estate
- Inclui empresas que focam nas operações e gestão imobiliária
- Fornece informações relacionadas a edificações e auxilia em sua gestão
- Exemplos de empresas: Buildium, Yardi Breeze, Anabode
Economia compartilhada
- Inclui empresas que focam em “mercados ocupantes”
- Facilita a troca de informações e transações entre donos de propriedades e seus ocupantes
- Exemplos de empresas: Airbnb, Vrbo, Homestay
Fintechs imobiliárias
- Inclui empresas que ajudam na negociação de ativos imobiliários
- Podem executar transações diretamente ou fornecer informações para compradores e vendedores
- Exemplos de empresas: Zillow, Redfin, Opendoor
ConTech (tecnologia da construção)
- Inclui empresas que trabalham na construção
- Servem engenheiros, designers e arquitetos
- Exemplos de empresas: Strukshur, Katerra, Join
O que o futuro guarda para as proptechs?
Com tantos setores na indústria tecnológica nesse momento, realidade imersiva, inteligência artificial (IA) e big data são apenas alguns dos fatores projetados para influenciar as proptechs nos anos 2020.
Proptech e realidade imersiva
A pandemia de coronavírus forçou até mesmo as atividades mais sociais a se voltarem mais para o interno e online. Adicionalmente, o estresse de estar de quarentena em locais apertados levou muitos moradores da cidade para o subúrbio. É aí que a realidade imersiva entra em jogo como a adição perfeita ao mundo das proptechs.
Podemos dividir a realidade imersiva em duas partes: realidade virtual e realidade aumentada. A realidade virtual proporciona uma experiência de um mundo em 360 graus em tempo real ao usuário, enquanto a realidade aumentada permite que os usuários realcem o mundo existente ao seu redor, geralmente através de aplicativos em seus smartphones ou de outros dispositivos Smart.
Como esta tecnologia está afetando as proptechs? Para começar, visitas virtuais a casas explodiram em popularidade em 2020 devido à pandemia. Ao mesmo tempo que espaços de escritório presenciais também se tornaram um aspecto não tão essencial do trabalho, visitar uma propriedade presencialmente pode também agora ser algo do passado.
De acordo com dados da Zillow, em Junho deste ano, o tempo médio de permanência das casas no mercado foi de apenas 22 dias. Com propriedades saindo do mercado tão rápido, não é uma surpresa que o processo de busca por novas casas também precisará ser acelerado. Compradores serão capazes de fazer uma oferta em uma casa em apenas alguns minutos após vê-la virtualmente em seus smartphones.
Proptech e IA
Apesar de muitas plataformas imobiliárias online estarem utilizando chatbots para ajudar seus compradores, teremos de esperar para ver se as proptechs serão capazes de utilizar inteligências artificiais com sucesso. Se a IA analisa dados históricos de propriedades e obtém tais informações a partir de um denso núcleo de informações imobiliárias, isso pode eventualmente eliminar a necessidade da assistência de corretores dentro da plataforma. Mas ainda não chegamos a esse ponto.
De acordo com a Forbes, o caminho para que a IA substitua a interação humana dentro da esfera das proptechs ainda é longo. Mesmo que consigamos atingir um nível de inteligência capaz de remover a posição de um corretor, ainda precisaremos de seu conhecimento para nos assegurarmos de que nossos robôs proptech tenham as informações corretas para extrapolar bons conselhos.
Embora a indústria de proptechs certamente já utilize recursos de automação, será interessante ver como estas se tornarão inteligências artificiais nos próximos 10 anos.
Proptech e big data
O número de plataformas de proptech que surgiram ao longo dos anos está, na verdade, garantindo o futuro da indústria. Isso porque a quantidade de dados que os usuários coletam através de sites como Zillow, Trulia, entre outros similares, está tornando as plataformas de proptech mais intuitivas e, como discutido anteriormente, permitindo que inteligências artificiais aprendam com as tendências do setor.
Big data está ajudando plataformas imobiliárias a fazer predições mais bem informadas e, por sua vez, os compradores estão obtendo uma imagem de mercado mais precisa. Por exemplo, quando uma casa é vendida na Zillow, seus dados são instantaneamente inseridos no processo de compra para outros usuários.
A indústria de proptech vem utilizando dados por anos, mas big data continuará a criar uma experiência muito mais personalizada dentro do mercado imobiliário. Os dados coletados através do uso de nossas redes sociais, interações com anúncios e uso de motores de busca podem nos ajudar durante a compra e aluguel de propriedades muito mais do que nós conscientemente sabemos.
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